Sangue e Sombras em "Capitulos"

Capítulo 1: O Baile de Outono
A noite do baile de outono na pequena cidade de Ravenswood era sempre o evento mais aguardado do ano. Para Elena Harper, de 17 anos, era apenas mais uma desculpa para escapar da monotonia de sua vida. Vestida com um simples vestido preto, ela se misturava à multidão de adolescentes animados no ginásio da escola, mas sua mente estava em outro lugar.
Enquanto as luzes piscavam e a música ecoava, Elena sentiu um arrepio percorrer sua espinha. Era como se estivesse sendo observada. Virando-se, seus olhos encontraram os de um estranho parado na entrada do ginásio. Ele era alto, com cabelos negros bagunçados e olhos tão escuros que pareciam absorver a luz ao seu redor. Havia algo nele que a fazia querer olhar para longe, mas ao mesmo tempo, ela não conseguia desviar o olhar.
"Quem é ele?" murmurou sua melhor amiga, Claire, ao seu lado. "Nunca o vi antes."
"Nem eu", respondeu Elena, sentindo o coração acelerar.
O estranho caminhou lentamente em direção a ela, como se o resto do mundo tivesse desaparecido. Quando finalmente parou a poucos passos de distância, ele sorriu, revelando dentes perfeitamente alinhados – mas algo naquele sorriso parecia... perigoso.
"Elena Harper", disse ele, sua voz baixa e hipnotizante. "Finalmente nos encontramos."
Ela piscou, confusa. "Como você sabe meu nome?"
"Eu sei muitas coisas sobre você", respondeu ele, inclinando-se ligeiramente. "Mas não aqui. Não agora."
Antes que ela pudesse responder, ele desapareceu na multidão, deixando Elena com mais perguntas do que respostas.
Capítulo 2: O Sussurro na Escuridão
A noite caiu sobre Ravenswood como um manto pesado, e Elena não conseguia tirar Adrian da cabeça. Suas palavras ecoavam em sua mente: "Você não deveria confiar em mim." Mas como ela poderia ignorar alguém que parecia tão perdido e, ao mesmo tempo, tão perigoso?
Enquanto caminhava de volta para casa após o trabalho no café local, o vento frio sussurrava entre as árvores, e a rua parecia mais deserta do que o normal. As luzes dos postes piscavam, lançando sombras inquietantes no asfalto. Elena apertou o casaco contra o corpo, tentando afastar a sensação de que algo a seguia.
De repente, um som. Passos. Rápidos, mas leves, como se alguém estivesse tentando não ser ouvido. Ela parou e olhou para trás, mas não havia ninguém. Apenas o silêncio da noite e o farfalhar das folhas.
"Quem está aí?" sua voz saiu mais trêmula do que ela gostaria.
Nenhuma resposta. Apenas o som do vento. Mas então, algo se moveu na periferia de sua visão – uma sombra, rápida demais para ser humana. Elena começou a andar mais rápido, o coração martelando no peito. Os passos atrás dela também aceleraram.
Ela começou a correr.
O som dos passos agora era ensurdecedor, como se algo estivesse prestes a alcançá-la. Quando virou a esquina para sua rua, tropeçou e caiu de joelhos. Antes que pudesse se levantar, sentiu uma presença atrás dela. Fria, sufocante, como se a própria noite tivesse ganhado forma.
"Eu avisei para ficar longe de mim." A voz de Adrian cortou o silêncio, mas havia algo diferente nela agora – um tom sombrio, quase animalesco.
Elena se virou, ofegante, e o viu parado sob a luz piscante de um poste. Seus olhos, antes escuros, agora brilhavam em um vermelho intenso, e seus dentes... não eram normais. Eram presas.
"Adrian... o que você é?" ela sussurrou, a voz quase falhando.
"Eu sou o que você deveria temer." Ele deu um passo à frente, mas então parou, como se estivesse lutando contra algo dentro de si. "Saia daqui, Elena. Agora."
Antes que ela pudesse reagir, um grito agudo ecoou pela rua. Não era humano. Era algo primal, aterrorizante. Adrian virou a cabeça rapidamente, os olhos fixos na escuridão atrás dela.
"Não é seguro para você aqui. Corra!" ele gritou, e dessa vez, Elena obedeceu.
Enquanto corria para casa, lágrimas escorrendo pelo rosto, ela ouviu sons de luta atrás de si – rosnados, gritos e o som de algo pesado caindo no chão. Quando finalmente chegou à segurança de sua casa, trancou a porta e caiu no chão, tremendo.
Mas antes que pudesse se acalmar, algo chamou sua atenção. No espelho do corredor, havia uma mensagem escrita em letras vermelhas, como sangue:
"ELE NÃO É O ÚNICO."
Capítulo 3: O Beijo na Escuridão
Elena não conseguiu dormir naquela noite. A mensagem no espelho, os sons de luta e, acima de tudo, a imagem de Adrian lutando contra algo invisível a assombravam. Quem – ou o que – ele realmente era? E por que ela sentia que, apesar de tudo, ele estava tentando protegê-la?
Na manhã seguinte, ela decidiu confrontá-lo. Não sabia onde ele morava, mas algo dentro dela dizia que o encontraria na floresta atrás da escola. Era um lugar que todos evitavam, cheio de árvores retorcidas e sombras que pareciam vivas. Mas Elena não hesitou.
Quando o encontrou, Adrian estava sentado em uma clareira, o rosto pálido e os olhos fixos no chão. Ele parecia exausto, como se tivesse carregado o peso do mundo na noite anterior. Ao vê-la, ele se levantou rapidamente.
"Você não deveria estar aqui", disse ele, a voz baixa, mas carregada de emoção.
"Eu não vou embora até você me dizer a verdade", respondeu Elena, cruzando os braços. "O que está acontecendo? O que você é?"
Adrian hesitou, os olhos escuros brilhando com algo que parecia ser dor. "Eu sou um monstro, Elena. Um vampiro. E tudo em mim grita para ficar longe de você, mas... eu não consigo."
Ela deu um passo para trás, o coração disparado. "Um vampiro? Isso é loucura."
"Eu sei", ele disse, com um sorriso triste. "Mas é a verdade. E se você ficar perto de mim, vai se machucar. Ou pior."
Elena deveria ter corrido. Deveria ter sentido medo. Mas, em vez disso, sentiu algo completamente diferente. Uma atração irresistível, como se algo maior do que ela estivesse empurrando-os um para o outro.
"Se você quisesse me machucar, já teria feito isso", disse ela, dando um passo à frente. "Mas você não fez. Por quê?"
Adrian desviou o olhar, como se estivesse lutando contra algo dentro de si. "Porque você é diferente. Porque, pela primeira vez em séculos, eu sinto algo além da escuridão."
Antes que pudesse pensar, Elena estendeu a mão e tocou o rosto dele. Sua pele era fria como gelo, mas o toque fez seu coração disparar. Adrian fechou os olhos, como se o simples gesto fosse ao mesmo tempo um alívio e uma tortura.
"Eu não me importo com o que você é", disse ela, a voz firme. "Eu confio em você."
Adrian abriu os olhos, e por um momento, o mundo pareceu parar. Então, antes que pudesse se conter, ele a puxou para perto e a beijou. Foi um beijo cheio de paixão e desespero, como se ele estivesse tentando gravar aquele momento na eternidade.
Mas o momento foi interrompido por um som vindo da floresta – um rosnado baixo e ameaçador. Adrian se afastou rapidamente, os olhos escurecendo.
"Ele está aqui", disse ele, a voz cheia de urgência. "Você precisa ir, agora."
"Quem está aqui?" Elena perguntou, mas antes que pudesse obter uma resposta, Adrian a empurrou para trás de uma árvore.
"Eu vou protegê-la", ele disse, os dentes brilhando à luz fraca. "Mas você precisa confiar em mim."
E, pela primeira vez, Elena percebeu que estava entrando em um mundo muito mais perigoso do que jamais poderia imaginar – mas também muito mais apaixonante.
Capítulo 4: Memórias de um Imortal
Observo Elena dormir através da janela de seu quarto, como um guardião das sombras. Há séculos não sentia meu coração – morto e silencioso em meu peito – reagir desta forma. Ela é diferente. Sua presença desperta em mim sensações que pensei ter perdido em 1847, quando recebi o beijo da imortalidade.
Fecho meus olhos e as memórias inundam minha mente...
Eu tinha 18 anos quando tudo aconteceu. Era um jovem aristocrata em Londres, cheio de sonhos e promessas de um futuro brilhante. Até que conheci Victoria. Ela era beleza e morte em um só ser, e eu, tolo demais para perceber o perigo, me entreguei completamente ao seu encanto.
Na noite em que ela me transformou, a dor foi insuportável. Senti cada gota de humanidade sendo drenada de meu corpo, substituída por uma sede insaciável que me persegue até hoje. Victoria me abandonou logo depois, deixando-me sozinho para lidar com minha nova natureza.
Passei décadas vagando, lutando contra meus instintos, recusando-me a ser o monstro que ela tentou criar. Aprendi a me alimentar de animais, a viver nas sombras, a nunca me aproximar demais dos humanos.
Até Elena.
Há algo nela que transcende tudo que já experimentei em meus 175 anos de existência. Seu sorriso ilumina as trevas que habitam minha alma. Sua coragem diante do desconhecido me fascina. E seu sangue... seu sangue canta para mim de uma forma que me aterroriza.
Ontem à noite, quando a beijei na floresta, foi como sentir o sol novamente em minha pele sem queimar. Por um momento, esqueci o que sou. Mas então senti a presença dele – Marcus, meu criador, o verdadeiro responsável por minha transformação. Victoria era apenas sua marionete.
Ele a quer. Não apenas Elena, mas toda Ravenswood. Esta pequena cidade é parte de um plano maior, um plano que venho tentando impedir há décadas. Marcus quer criar um novo clã, e Elena... Elena tem algo especial em seu sangue. Algo que ele precisa.
Observo suas pálpebras tremularem enquanto ela sonha, e meu peito se aperta. Como posso protegê-la quando minha própria existência é uma ameaça? Como posso amá-la quando cada batida de seu coração é uma tentação?
A lua se esconde atrás das nuvens, e sinto a presença de outros vampiros se aproximando. Eles estão chegando. Marcus está reunindo seu exército, e Ravenswood será apenas o começo.
Elena se move em seu sono, murmurando meu nome. Pressiono minha mão contra o vidro frio da janela, desejando poder tocá-la, desejando ser humano novamente. Mas não posso mudar o que sou. Só posso tentar ser melhor do que minha natureza exige.
"Eu te amo", sussurro para a noite, palavras que ela nunca poderá ouvir. "E é por isso que preciso te proteger, mesmo que signifique te perder para sempre."
Um uivo distante ecoa pela cidade. É hora de partir. A guerra está chegando, e desta vez, não estou lutando apenas pela minha redenção. Estou lutando por ela. Por Elena. Pela única pessoa que me fez sentir vivo em quase dois séculos de escuridão.
Capítulo 5: O Último Sacrifício
Eu nunca soube o que era o verdadeiro amor até conhecer Adrian. Ele era um mistério envolto em sombras, um segredo que eu não deveria desvendar. Mas, mesmo sabendo dos perigos, não consegui me afastar. Algo nele me chamava, como se nossas almas estivessem conectadas por um fio invisível, impossível de romper.
Naquela noite, enquanto a lua cheia iluminava a floresta, eu o vi pela última vez. Ele estava parado na clareira, o rosto marcado pela dor e pela determinação. Seus olhos, tão escuros quanto a noite, encontraram os meus, e eu soube que algo estava prestes a mudar para sempre.
"Elena, você não deveria estar aqui", ele disse, a voz carregada de emoção. "Eu não posso protegê-la desta vez."
"Eu não preciso que você me proteja, Adrian", respondi, dando um passo à frente. "Eu só preciso de você."
Ele balançou a cabeça, como se estivesse lutando contra si mesmo. "Você não entende. Marcus está vindo. Ele quer você. E eu... eu não posso deixá-lo te machucar."
"Então lute por mim", eu disse, sentindo as lágrimas escorrerem pelo meu rosto. "Lute por nós."
Adrian hesitou por um momento, e então, como se algo dentro dele tivesse se quebrado, ele me puxou para seus braços. Seu toque era frio, mas seu abraço era a coisa mais quente que eu já havia sentido.
"Eu te amo, Elena", ele sussurrou, e naquele momento, eu soube que ele estava disposto a sacrificar tudo por mim.
A batalha que se seguiu foi um borrão de luzes e sombras, de gritos e silêncio. Eu não sei como, mas Adrian venceu. Ele enfrentou Marcus e seus seguidores, e, no final, foi o amor que nos salvou. Não o amor perfeito e sem falhas, mas o amor que luta, que resiste, que não desiste.
Agora, enquanto escrevo estas palavras, sentada ao lado de Adrian, sei que nossa história está apenas começando. Ele ainda é um vampiro, e eu ainda sou humana, mas isso não importa. O que importa é que escolhemos um ao outro, contra todas as probabilidades.
E se há algo que aprendi com tudo isso, é que o amor sempre vence. Não importa o quão difícil seja, não importa quantas barreiras existam, o amor verdadeiro encontra um caminho. Porque, no final, é isso que nos torna humanos – ou, no caso de Adrian, mais humanos do que ele jamais pensou ser.
Mensagem subjacente:
O amor sempre vence as barreiras da dificuldade e alcança a vitória, quando não desistimos dos nossos sonhos mais profundos.
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