A Freira e o Vampiro
A igreja estava toda iluminada. Em cada ponta havia velas enormes que a deixava em destaque por toda a floresta e na cidade. Tinha uma boa vantagem da igreja ser construída em um penhasco. Ela se destacava e a sua iluminação traria mais povos de outros lugares. Esses estrangeiros viriam de muitos lugares para conhecer a linda cidade.
Livia era uma freira
encantadora. Sempre atenciosa com os cidadãos e principalmente as crianças que
a acompanhavam em muitos lugares da cidade.
Todos os sábados as
crianças acompanhavam a freira para um passeio na floresta. Embora fosse uma
floresta calma e tranquila. Livia nunca levava as crianças para muito longe. Os
lugares que costumavam ir já havia cadeiras e mesas para fazerem uma verdadeira
festa ao lado de muita comida e sucos.
Em um dos sábados a
Livia estava com as crianças e percebeu a falta da Amanda, que sempre gostava
de arriscar um passeio mais ousado. Mas a Livia já conhecia o seu jeito rebelde
e ela já até sabia onde Amanda iria. No lago.
Era tarde da noite. Todos
estavam se arrumando para irem para casa quando a Livia disse que voltaria
logo, assim que fosse buscar Amanda. Ela tinha apenas 10 anos e gostava mesmo
de ser uma pessoa com decisões fortes. Livia imaginava que os pais teriam que
compreendê-la pois será uma garota que quer conhecer o mundo muito cedo.
Quando ela chegou o
lago. Ouviu um grito. Livia preocupada gritou chamando seu nome.
Amanda disse que
estava perto. Para Livia ir correndo.
Amanda estava no chão
sentada olhando para baixo.
Livia se aproximou e
vu que se tratava de um pequeno morcego atingido por uma flecha. Livia disse
para que Amanda não tocasse em nada;
Afastou a Amanda e
colocou luvas, segurou o morcego e arrancou a flecha, jogando ao mar.
Livia pegou alguns
panos e uma pomada. Colocou o morcego em um lugar seguro dos abutres e deixou
lá. Ela disse para a Amanda que o morcego logo estaria bem e seguro. Levou a
Amanda para seus amigos e eles partiram para a sua casa.
Em um outro sábado.
Livia estava com as crianças e ela queria mostrar o lado onde Amanda estava.
Todos foram juntos com a Livia para o lago e lá passaram a tarde brincando.
Um garoto disse para
a Livia que ouviu um rosnado.
Livia ficou atenta. A
floresta era perigosa, mas nunca teve notícias sobre lobos naquela área. Mas
ela não podia arriscar. Chamou todas as crianças para se arrumarem para partir.
Foi quando algo assustador aconteceu.
Um lobo feroz e
sedento estava bem a sua frente. Logo em seguida apareceram mais oito lobos. Todos
olhavam atentos às crianças.
Livia se pôs a frente
e tentou acalma-las.
Quando o primeiro
lobo deu um passo a frente. Um homem apareceu. Ele olhou para os lobos. Seus
olhos pareciam ter luz própria. Os lobos abaixaram a cabeça e correram em
direção a floresta fechada. Longe da população.
Livia fica
impressionada com o acontecido. O homem olha para ela e as crianças. Ela era um
homem desconhecido por todos. Cabelos curtos e pretos, seu corpo media quase
dois metros, era forte e seu corpo era pálido, bem diferente do povo da região
que estava acostumados a sempre estarem com as peles bronzeadas. Ele tinha uma
barba bem cuidada e o seu traje era da mais cara nobreza. O homem sorri e
retira do bolso um pequena flecha que enfia em uma árvore. e ao passar por ela,
ele desaparece.
As crianças passaram
a circular a árvore a procura daquele homem, mas ele havia mesmo sumido.
Algumas acharam que ela era um mágico e ficaram dizendo que ele não tirava os
olhos da Livia. Ela ficou sem jeito. Ele era mesmo um homem encantador. Pegou a
flecha da árvore e lembrou como se parecia com a flecha que arrancou do morcego
e jogou no mar. Ficou pensando se ele havia machucado o morcego ou se... Bem as
crianças eram prioridades. Ela tinha que levá-los para casa. Rezou para que os
seus pais continuassem a deixar as crianças passearem com a Livia. Afinal os
lobos não são vistos por lá já fazia um bom tempo.
Naquela noite Livia
teve os mais estranhos sonhos. Aquele homem estava nele. Sonhou com eles
passeando pela floresta de mãos dadas como um casal apaixonado. Eles se
beijaram perto do lago e tiraram suas roupas e foram nadar. A água do lado era
estranha. Era uma nevoa, não era água mas seus movimentos eram parecidos com os
movimentos do lago. Ela sentia o seu corpo flutuando pela densa camada de
névoa. Era uma sensação confortante e deliciosa. Se sentia no céu. O homem
disse o nome dele. Era Ravi Balan. Ele era um homem que perdeu sua vida em
busca de poderes, foi amaldiçoado e condenado a caminhar pelo mundo.
A freira toco em seu
rosto. Ele era um homem triste mas quando olhava para ela o sorriso aparecia.
Era um homem lindo. Suas mãos e a pele muito macia. Parecia ser muito frágil.
Embora suas palavras eram ditas com força e vontade. Vontade de desejar, de
querer, de dominar.
Em seu sonho livia
sentia Ravi por completo. Os seus abraços e beijos eram poderosos e cheios de
desejo. Os dois estavam nus e flutuando em um mar de névoa.
De repente Ravi olha
para o céu, coloca as mãos a frente dos seus olhos para se proteger do Sol e em
suas costas, grandes asas de morcego aparecem. Ele grita e desaparece.
Livia acorda
assustada. Corre para abrir as janelas e descobre que já era dia. Vai até a sua
escrivaninha e vê a flecha que pegou no da anterior. Abre a gaveta e a esconde.
Ela veste seu hábito
e caminha pela igreja até chegar no quarto onde os padres e freiras passam os
seus dias de penitência. Ela tranca a porta e pega um chicote. Tira as suas
roupas, se ajoelha e começa uma longa sessão de rezas e chibatadas em suas
costas. Ela estava determinada a arrancar os pecados e os desejos do seu corpo
e da sua mente. Seria um longo dia.
Quando chegou no
sábado ela não quis sair com as crianças. O padre, preocupado, foi a sua
procura. Livia estava sentada na praça da igreja. Estava muito abatida. Seus
olhos tristes. Sem nenhum sorriso no rosto como costumavam ver. Ela sempre foi
um exemplo de alegria e felicidade e agora parece que seu coração estava
esmagado. O padre se sentou ao seu lado. Livia segurou a mão do padre e logo em
seguida se ajoelhou diante dele e beijo a sua mão. Olhou para os seus olhos e
disse com todas as forças que ela pode: "Padre, eu pequei!"
O padre passou a mão
no rosto da Livia. Limpou suas lágrimas. Livia tinha apenas 23 anos. Era comum
ter pensamentos pecaminosos. O mundo facilitava muito para que estes desejos a
dominassem. Ele sabia que era difícil, mas também sabia que ela era forte e que
conseguiria ser a pessoa que era antes. Ele acreditava em sua plena
recuperação.
O padre a abraçou e
antes que pudesse dizer algo eles escutam alguém bater na porta da igreja. A
força das batidas eram ecoadas por toda a igreja. Eram batidas fortes e
determinadas.
O padre e a Livia
foram ver quem havia batido. E era ele. Livia tremia e seu coração acelerava ao
ouvir o homem gritando que precisava ver a Freira Livia.
O padre o convidou
para entrar. O homem sorri e caminha para dentro da igreja. Vai até a Livia,
mas ela recua. Ravi persiste e caminha com mais determinação e segura os braços
da freira e olhando para os seus olhos ela avisa. "Você corre perigo
aqui."
Livia e o padre
ficaram surpresos com as palavras de Ravi. Livia era uma boa pessoa. Adorada
pelo povo. Ninguém iria lhe fazer mal nenhum.
Ela se defende dizendo
ao padre que aquele homem os salvou de uma matilha de lobos e que deveríamos
agradecer, mas Ravi interfere e comenta. "Você sabe que nos conhecemos bem
mais do que isso Livia." E ele pega a mão da Livia e a beija, novamente
olhando para os seus olhos complementa: "Somos eternamente ligados."
Livia solta as mãos
do Ravi e vai até o padre e implora para que aquele homem deixe a igreja e siga
o seu caminho.
O padre fica
intrigado. O que havia naquele homem para que Livia o tratasse de uma forma
como se tivesse medo dele. Como se ele fosse um homem muito perigoso. Em
respeito aos temores da Livia o padre pede para que o homem deixe o local e os
deixe em paz.
Ravi fica irritado.
Começa a caminhar de um lado para o outro. Coloca as mãos na cabeça e anda
preocupado. Ele então toma uma decisão e anuncia: "Sairei da sua igreja,
mas ficarei na redondeza vigiando este local pois sei que ela está em grande
perigo e que logo eles irão caça-la e exterminá-la."
Ravi se retira do
local e os deixa pensando no que ele disse.
O padre pergunta se
eles já se viram depois do que aconteceu na floresta e ela diz que está
sonhando com ele todas as noites. E os sonhos são cheios de pecado e desejos
insanos. Ela tem rezado muito para os sonhos terem fim. Mas tudo reaparece na
noite seguinte. Ela tem medo de dormir agora. Fazia dois dias que ela não
dormia com medo do sonho voltar.
O padre a avisa que
ele pode ser um demônio astuto e voraz e que veio para acabar com a alegria e
felicidade da cidade e dos cidadãos. Mas pede para que a Livia não desista. Que
ela continue o seu passeio com as crianças. Elas precisam da sua atenção ou
ficaram tristes também. E a tristeza se combate com a alegria, se combate
fazendo boas coisas aos outros. É esse sentimento que deve expandir e crescer.
Livia sorri e
concorda. As crianças não são culpadas por sua tristeza. Elas não devem pagar
por isso.
E Livia sai com as
crianças naquele sábado e ela conversa sobre as dificuldades da vida e que
todas as fases são apenas fases que nunca duram para sempre. Amanda diz para
Livia que quando crescer quer ser uma freira como ela. Livia diz que ser uma
freira é estar disponível 24 horas para Deus. E que quando tiver 18 anos ela
pode ser uma freira.
Tudo correu bem.
Livia leva as crianças para casa e depois segue o seu caminho para a igreja.
Ao chegar Livia
observa três homens falando com o padre. Ela se aproxima para conhecê-los e o
padre a apresenta aos homens.
Um deles fala com ela
sobre um homem que eles estão procurando e mostra a foto de Ravi. Diz que ele é
perigoso e que já matou muitas pessoas. Diz também que é um ser demoníaco e que
deve ser retirado de lá para que seja punido e sacrificado.
Livia olha para o
padre. Ela sabe que o padre não diria nada e diz para o homem que não o viu e
que se ele aparecesse ela avisaria.
Eles falaram que
estariam em um hotel naquela semana. Pois estavam procurando a criatura e que
não seria seguro sair de noite pois o assassino que eles procuravam atacava
mais nas horas noturnas. Depois do aviso. Os três homens saem da igreja.
Naquela noite
Livia tinha ido dormir. Ravi agora era passado. Ela estava certa que ele não
apareceria novamente para atormentá-la. Mas não foi isso que aconteceu.
No sonho da Livia os
três homens lutaram com Ravi. E ele venceu todos. Depois pegou cada corpo e
sugou seu sangue. Ravi estava sedento e se alimentou do sangue de todos os
homens. Quando Ravi sentiu a presença de Livia. Ele olhou para ela. E sorriu.
Livia acordou
assustada novamente e lavou o rosto por vários minutos. Os gritos dos homens
ecoavam em sua mente. A insanidade estava tomando conta dela. Se ela contasse
ao padre ela teria problemas. O padre poderia afastá-la do seu cargo na igreja
e teria que ficar internada para se curar de sua loucura. Foi quando ouviu um
barulho na janela.
Livia olhou
atentamente. A janela estava tremendo. O barulho começou a aumentar e os vidros
começaram a rachar até que se quebraram e logo em seguida os pedaços de vidros
e madeiras começaram a cair no chão. A janela foi destruída com rapidez. Ela
continuava a olhar e, uma sombra tomou a janela por completo e nela um morcego
saiu das sombras e voou pelo quarto. Deu três voltas e pousou perto da janela.
Aos poucos o morcego tomou a forma de um homem. Era Ravi. Sorrindo.
Ele olhou para Livia
e disse que os homens que a visitaram nesta tarde já não existem mais. E que
ele estava lá para levá-la para um lugar seguro e que ficaria com ele o resto
de suas vidas.
Livia não aceitou a
sua oferta e o repudiou. "Não vou com você! Meu lugar é aqui!"
Ravi ameaça a
destruir toda a igreja se ela não fosse com ele. Livia pega a sua cruz e mostra
para o ele. "Em nome de Deus! Vá embora!"
Ravi por um momento
se protege da cruz. No entanto ele abaixa os braços e sorri. "Você está em
dúvida com a sua fé! A cruz não pode te salvar mais!"
Ele faz um gesto com
as mãos e a cruz é arrancada das mãos de Livia e lançada pela Janela.
Ravi olha para Livia
e ela cai de joelhos chorando e clamando. "Deus! Me salve dessa
insanidade! Me salve dessa loucura que me possui!"
A porta se abre e o
padre com uma cruz e uma bíblia em suas mãos enfrenta o vampiro. "Volte
para o seu mundo criatura bestial." "Eu ordeno que saia desta
igreja!" Deus ordena que saia deste lugar para sempre!"
Ravi se afasta de
Livia e se protege com os braços, Ele salta a janela e antes de cair se
transforma em um morcego novamente. O padre abraça Livia e a leva para um
quarto de hospedes e lá ela reza agradecendo a Deus por tê-la Salvo.
Na manhã seguinte o
padre descobre que os três homens que o haviam procurado no dia anterior
estavam mortos e sem nenhuma gota de sangue no corpo. O padre vai até o quarto
onde Livia deveria estar, mas não a encontra. Preocupado, o padre entra em
contato com todos os superiores e conta a sua história e pede para que eles o
ajudem e como resposta os seus superiores enviariam uma mulher.
O padre já sabia quem
eles enviariam. Começa a procurar a Livia pela cidade. Todos estavam
preocupados. As crianças choravam e queriam que a Livia aparecesse. Alguns
homens a procuraram na floresta ao redor da igreja, mas nada encontraram.
No final daquela
tarde o padre recebe a visita de uma mulher. O seu nome era Késsia Montenegro e
era uma pesquisadora e investigadora sobre casos estranhos que acontecem nas
igrejas. Ela era também a irmã dele. A irmã que sempre ia contra os
métodos legais da igreja. Destruiu muitas criaturas usando métodos que a igreja
jamais aprovaria.
Depois de uma longa
conversa e averiguações pelo local. Késsia avisa seu irmão que o monstro era um
Morto-vivo, um vrykolakas ou um strigoi e que todas as janelas deveriam estar
fechadas, mesmo as mais altas e que nelas tenham réstia de alho. Não convidar
ninguém estranho para entrar e que todos devem andar com cruzes e água benta.
O padre anota todas
as solicitações e pergunta se ela conseguirá localizar a Livia.
Como reposta Késsia
explica: "Você sempre foi o irmão certinho. Tudo tinha que ser construído
de forma correta. Eu não sou assim Norman. Não aprecio chamá-lo de padre. Agora
tem que seguir as minhas regras para ter a Lívia de volta. Esse monstro é
perigoso. Se trata de um ser desprovido de paixão. Sua alma é sombria e a sua
sede de sangue é eterna. Não acredito que ela ainda esteja viva. Não existe
esperança quando alguém encontra tal criatura. Seus desejos por sangue estão
acima de qualquer lei. Acima de qualquer um. Acima de você Norman. A criatura
não vai querer saber de seguir os seus métodos corretos que você criou para
essa igreja. Ele vai destruir e se alimentar de todos se não seguir minhas
ordens."
Com isso o padre
abaixa a cabeça e implora para encontrá-la e explica: "As crianças viram a
Livia pegar uma flecha. Livia deve ter deixado no quarto dela."
Késsia vai com o
padre para o quarto de Livia e eles acham a fecha guardada em uma das gavetas.
Késsia coloca as suas luvas e coloca a flecha em uma sacola. Depois ela segura
as mãos do padre e diz que fará o possível para achá-la, mas precisava de um
lugar para analisar a flecha e assim poder encontrar pistas para localizá-los.
O padre concorda e leva a Késsia para um lugar silencioso e isolado.
Livia abre os olhos e
vê que estava deitada em um chão umido. Olha para cima e vê que estava em uma
caverna fria e muito estreita. Apenas um pequeno raio de luz aparecia, mas era
muito alto para tentar escalar e fugir. Ela ecuta um barulho e olha para ver o
que era. Lobos. Eram lobos raivosos. Os olhos vermelhos mostravam que eles
estavam vindo bem devagar em sua direção. Livia recuou até encostar na parede.
Ela não tinha como escapar. Seria devorada. O primeiro lobo saltou para
atacá-la e ela acordou.
Era um sonho. Livia acorda
em uma cama macia. Rezava para que isso também não fosse um sonho. O quarto
onde estava era pequeno. Cabia apenas poucos móveis. Um guarda-roupa, a cama e
uma penteadeira.
Embora pequeno. o
quarto era aconchegante. a cor das paredes bem pintadas tinham a
tonalidade de azul bem claro. Um candelabro acesso no teto. Deixava o quarto
bem iluminado. Ela não sabia onde estava. Alguém bate na porta e pergunta se
pode entrar. Ela fica calada pois reconhece que a voz é de Ravi.
Mesmo assim a porta
se abre. Ravi enra segurando uma bandeja com algumas frutas e sucos.
Sorrindo ele coloca a bandeja na cama e senta ao lado de Livia e tenta e
justificar.
"Sinto por ter
te raptado. A igreja era um alvo fácil para os inimigos." "Tenho
muitos" "Eles sabem que você é importante para mim."Farão de
tudo para usá-la como isca."
Livia não diz nada.
Apenas pega a bandeja e começa a comer. Enquanto isso Ravi continua a falar.
"Já fui alguém
importante. Um guerreiro sanguinário. Mas com o passar dos anos eu queria mais
poder e foi então que um mago de outras terras me ofereceu uma garrafa de
sangue e avisou que nela tinha o sangue real. O sangue do primeiro homem da
terra. E disse que se eu bebesse daquele sangue eu teria todos os conhecimentos
dos homens que nasceram até hoje. Fui um tolo. Minha sede pelo poder e o medo
de envelhecer me fizeram esquecer de ponderar e de pensar. Naquele instante eu
só pensava em ter mais poderes e mais força para dominar meus inimigos. Eu
bebi. Não um gole. Toda a garrafa. Minha vida estava tão deplorável que nem
passou pela cabeça que o mago poderia estar blefando e que poderia haver apenas
veneno. Mas o que aconteceu naquele instante foi aterrador. Muitas e muitas
imagens se formaram em minha cabeça. Imagens de guerra, pessoas gritando e morrendo.
Famílias me abraçando. Rostos de pessoas conhecidas e desconhecidas. Eu vi
todas as catástrofes que a terra teve. Senti em minha mente cada toque de
destruição e... morte!"
Livia estava comendo
e ouvindo cada detalhe da conversa. Pensava que seria a próxima a morrer e que
essa seria a sua última refeição, mas Ravi continuava a falar.
"Eu fugi. Corri
para ver se aqueles pensamentos iriam parar de entrar em minha cabeça. Era
muita informação. Eu iria ficar louco. Na corrida eu cai ribanceira abaixo.
Fiquei rolando no chou por mais de 800 metros. Estava ferido. Minhas pernas
estavam quebradas e tinha muitos ferimentos aberto. Eu tinha certeza que iria
morrer."
Livia esperava e
tentava arrumar uma maneira de sair de lá. Ela precisava fugir daquele homem
insano. Mesmo assim continuou a ouvir o que Ravi dizia.
"Lembro de
alguns lobos me arrastando para dentro da floresta. Não me lembro quanto tempo
fiquei ali na mata fechada. Talvez horas, talvez dias. Quando se está para
morrer tudo parece estar devagar e você só pensa no passado."
Ravi segura a mão de
Livia.
"Eu sobrevivi.
Minhas feridas e as pernas foram curadas de alguma maneira e com o passar do
tempo notei que eu poderia correr mais rápido que os lobos e eu caçava para
eles. Assim podíamos dividir a comida. Quando vi que estava em melhor condição
eu pude sair da floresta."
"Tentei voltar
para minha antiga moradia, mas não existia mais nada lá. As pessoas nem me conheciam
mais. Tudo que eu tinha foi destruído e esquecido. Todos me olhavam com medo.
Eu estava com as roupas destruídas e com uma barba muito grande. Eu precisava
de lugar para me trocar e voltar a ter uma imagem mais civilizada. Eu fui em um
bar e falei com o dono para trocar serviços por roupas e comida. Lipei o chão,
lavei as louças, limpei a janela e o dono do bar me deu roupas e uma navalha
para cortar a barba. Fui até o banheiro e depois que voltei, me alimentei. Comi
um grande prato de comida, mas logo o meu sorriso de satisfação se tornou algo
desesperador. A comida não descia pela garganta. Eu estava sufocando.
Arrastei-me e joguei a comida fora. Eu estava com fome. Mas não era da comida.
Lembrei que eu tomava o sangue dos animais que ajudava a caçar para os lobos.
Era só isso que me alimentava. Sangue. O homem do bar tentou me ajudar, mas eu
o afastei e fui embora. Quando andei pelas ruas mais bem arrumado uma mulher me
perguntou se eu queria prazer. Eu só pensava em me alimentar. Me levou para um
hotel. Ela sorria muito. Eu só a via como comida. E foi o que ela se tornou
naquela noite. Tomei todo o seu sangue. Cada gota. E ela não foi a última
vítima. Desde então eu passo as noites procurando alimento. O Sangue."
Livia sorri e
tenta acariciar o rosto de Ravi. Ele pega a sua mão e a beija dizendo:
"Você é uma
mulher maravilhosa. Será minha pela eternidade. Juntos vamos ter o nosso espaço
merecido neste mundo e vamos aproveitar cada dia, cada noite."
Ravi segura os ombros
de Livia. E se prepara para mordê-la quando finalmente ela lhe diz:
"Eu quero ficar
com você, mas não como você está. Quero continuar sendo a humana que sou. Sei
que você é frágil quando o Sol está no alto. Posso proteger o seu sono até a
chegada da noite. E assim você pode me proteger nas horas escuras."
Ravi pensa por uns
instantes e responde:
"Eu não preciso
realmente te transformar no que sou tão imediatamente. Podemos adiar sim.
Ficaremos aqui por muito tempo. E aceito sua proposta."
Eles sorriem e se
abraçam.
A caçadora késsia
aparece e lança com a sua besta, a flecha encontrada no quarto da Lívia. Ravi
foi agil, ele pegou o objeto no ar e olhou e sorriu para a caçadora. "Acha
que não percebi a sua chegada caçadora? Eu sou muito poderoso e vou...
Argh..."
Ravi sente muita dor
na sua mão que estava segurando a flecha. Ele a joga longe, mas a sua mão havia
pegado fogo. Começou a gritar. Késsia responde: "A flecha estava preparada
para você. Eu passei água benta com alho. Certamente iria causar muita dor e eu
contava com isso."
A caçadora foge do
local e Ravi vai ao seu encalço. Quando ele passa pela porta uma rede feita de
espinhos cai por cima dele. Os espinhos ferem todo o seu corpo e começa a
soltar fumaça. Késsia sorri. "Os espinhos também estão com água benta e
alho. Você vai morrer Ravi. Já matou muita gente."
Lívia segura os
braços da Késsia e suplica: "Por favor! Não o mate! Ele também é filho de
Deus."
Kessia olha para a
Lívia e responde de maneira sarcástica: "Não me venha com sua conversa
ingênua, puritana. Saia daqui, tem um cavalo a sua espera e ele a levará para a
sua igreja. Esse vampiro vale muito e eu pretendo me aposentar depois dessa
caçada. Vocês que trabalham na igreja são muito piedosos e por causa disso,
criaturas como ele matam sem perdão."
Ravi sofre em
desespero. Levanta a sua mão pedindo ajuda para Lívia, mas ela é empurrada pela
caçadora que pula na rede e usando uma estaca ataca e enfia diretamente no
coração de Ravi.
Lívia senta no chão e
começa a chorar. Eles tentam se tocar, mas Késsia chuta a mão de Ravi e
explica: "Quantas famílias sofreram pelas mortes que causou vampiro?
Quantos humanos perderam a vida por sua causa? Quantos ainda perderiam se
ficasse vivo?"
Késsia olhou para a
Lívia e conclui: "Você seria a próxima vítima dele. Você seria mais um
brinquedo na mão deste vampiro. Agora volte para a sua igreja e conte para
todos o que aconteceu. Quem sabe eles deixarão de ver essas criaturas com
compaixão e comecem a fazer o que deve ser feito."
Ravi se debateu e
gritou por algum tempo até que finamente, seu corpo foi queimado e destruído.
Késsia vê o que
restou de Ravi e sorri. "Está feito. Finalmente o vampiro não vai mais
matar ninguém." Ela se vira e vai para a saída daquela casa. Enquanto isso
a Lívia olha para a poeira que restou do Ravi ela toca na poeira e por baixo
dela havia um pouco do sangue do vampiro. Livia pega o sangue com as mãos e
passa por seu rosto e bebe. Seu corpo começa a tremer. Ela entra em um estado
de convulsão e cai no chão desmaiada.
Késsia fica a espera
da Lívia do lado de fora junto com o outro cavalo que trouxe para levá-la; De
repente os dois cavalos começam a pular desesperados. Késsia tenta acalmar os
seus cavalos, mas é inútil. O cavalo onde ela estava montada, salta em
desespero e faz com que a Késsia seja derrubada. Os cavalos fogem do local. Ela
se pergunta o que aconteceu. Afinal acabara de destruir o vampiro. Késsia,
ainda no chão olha para a porta da casa e vê a freira lívia. Coberta de sangue
e com os olhos do próprio demônio.
Kessia fica em
pânico. Os cavalos levaram as suas armas. A freira agora era uma vampira e
estava faminta. Késsia era a unica fonte de alimentação para a freira.
"Lívia! Não faça isso. Se você não sugar o sangue de ninguém ainda
existirá uma cura. Não jogue todos os ensinamentos da igreja fora. Resista!
Lute! Não deixe essa doença te exterminar!"
Mas já era tarde.
Lívia segura o pescoço da Késsia e a levanta com facilidade. Ela sorri e
responde.
"Quem disse que
quero me curar? Essa doença vai mandar você para o inferno!"
Lívia mostra os seus
caninos pontiagudos para Késsia e ela morde o seu pescoço. Suga todo o seu
sangue e arranca a cabeça dela e depois joga para longe da casa.
Livia limpa a sua
boca que estava coberta de sangue e se afasta sorrindo.
Depois de muito tempo
quando as crianças estavam no lago brincando junto com uma nova freira chamada
Helena. Elas contavam histórias sobre a sua antiga amiga a Freira Lívia. Quando
a Amanda, que era a criança mais atenta que todas, viu a Freira Lívia escondida
nas árvores. Ela foi ao seu encontro e se abraçaram. A Freira Lívia disse em
voz baixa: "Eu estou bem. Só que agora faço parte de outro mundo. Mas
sempre estarei aqui para protegê-la quando precisar. É só me chamar."
Lívia afasta a Amanda
e se transforma em um morcego e vai em direção a mata fechada.
Amanda volta para
feliz para contar para os seus amigos.
E a história é
contada até hoje.
Escrito por
Adriano Siqueira
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